Por todas que acham que não dão conta de tudo!

Andei lendo meus últimos posts e tive uma ideia do nível de stress que cheguei. Passei um tempo dando uma importância exagerada às tarefas básicas do dia a dia e me sufoquei tentando fazer tudo certo. Cheguei a conclusão que por mais que eu, como mãe, queira cuidar da minha família, não posso querer enfiar-lhes goela abaixo minhas convicções e fazer com sejam as deles também.
Tentei mudar marido, filho, casa, trabalho e achei que assim eu estaria cuidando de tudo.
Na verdade quase joguei tudo pro alto quando cheguei a conclusão de que: não posso.
Não posso mudar pessoas, posso influenciá-las. Não posso adestrar crianças, posso educa-las. Não posso impor vontades, mas posso mostrar opções e caminhos diferentes, cabe a cada um suas próprias escolhas.
É difícil encarar que seus filhos tem vontade própria, fomos criados para respeitar os mais velhos e acatar ordens. Mas sinceramente, se você também foi criado assim e espera repetir sua criação com seus filhos dessa nova geração: desista, você não vai conseguir.
Eles querem saber por que, eles vão te questionar, não adianta apenas mandar, eles não vão obedecer.
Outra coisa que temos que aprender é (a não ser que você seja a mulher maravilha e tenha poderes especiais), não desperdice seu tempo tentando ser perfeita em tudo, ótima mãe, dona de casa, funcionária e esposa. Sim, existem as que conseguem e aqui vai o meu jóinha pra você que pode tudo, mas para nós, pessoas normais, que podem explodir a qualquer momento fica impossível ser “a grande mulher” em tudo.
E olha, eu tentei, e tento dar conta, mas eu rezo a noite pra uma hora conseguir pagar uma empregada. Eu vivo reclamando que o Matheus apronta todas, mas ele apronta sempre que está sozinho e sem ter o que fazer, em 90% dos casos eu estou limpando a casa ou trabalhando. Quando damos atenção à ele, o levamos para brincar, ou simplesmente sentamos e assistimos um filme com ele, o comportamento dele muda.
Criança gosta de atenção, e por mais que você trabalhe e arrume a casa, por eles e para eles, isso não chega aos pés de realmente “estar” com eles. E sei que não passo o tempo necessário com meus filhos. Afinal não posso jogar tudo para o alto e passar o resto da vida sentada no chão brincando com a criançada, mas tenho tentado não ligar tanto para o resto e dar mais importância para os momentos que posso desligar e ficar só com eles. E eles me cobram...
Ficamos tão sufocados com “nossas obrigações” que não paramos para ouvir o que eles tem a nos dizer, suas histórias, como foi o dia deles, seus problemas... E com isso a gente vai perdendo a cumplicidade, a proximidade, eles vão ficando rebeldes e carentes, e crescem achando que você só vê o lado ruim deles, afinal, é só na hora da bronca que você os enxerga. Não quero isso pra mim e para meus filhos, quero ser mais que a empregada da casa deles, ou a delegada do lar, quero ser o ombro, a amiga, a confidente e o porto seguro.
Por isso não liguem se chegarem em minha casa e encontrarem a sala bombardeada de brinquedos e as camas desarrumadas. E também não me culpem por emendarmos cada feriado fechando nosso comércio. Precisamos de momentos em família, momentos de bagunça, passeios diferentes, viagens. Precisamos tirar das nossas costas pesos que não nos levam a lugar algum, e curtir nossos momentos juntos.
Não existe nada melhor do que curtir sua própria família. É assim que se cultiva a paz.
Ter paz é viver bem com quem a gente ama!!!!!


Retrospectiva Matheus 5 anos



Essa é a retrospectiva do Matheus de 5 anos! (PS: Eu que fiz!!! ;) )



O primeiro desfecho da Síndrome Nefrótica

Hoje o Matheus completa 5 aninhos, e esse ano comemoramos também a boa reação dele ao tratamento da síndrome nefrótica. Eu expliquei a dois posts atrás como aconteceu tudo. Bem, agora. 8 meses depois, o tratamento com o corticoide acabou, o que me deixa aliviada é ver que ele está super bem. O rostinho dele até começou a desinchar. Ele chegou a ficar bem bochechudo, e não gostava. Dia desses, no banho, ele apontou a barriga e disse: - "Olha mãe, eu estou emagrecendo!". É muito bom vê-lo saudável. Apesar do médico viver me alertando que o sobrepeso que o remédio trouxe também é um problema, por isso estou tentando controla-lo. No auge do remédio ele sentia muita fome, chorava que queria comer! Chegava a vomitar de tanto comer e comia de novo, dava até agonia. O apetite dele foi melhorando conforme o remédio foi diminuindo.   

O problema da obesidade eu sei de carteirinha, já que o Lucas com seus 12 anos está com colesterol e triglicérides alto acompanhado de uma pré-diabetes. A genética dele já é podre para tudo isso, mas a dieta pode e vai ajuda-lo a abaixar todos os índices. Meu marido tem diabetes desde os 30 anos. Meus sogros também tem a mesma doença. As chances dos dois desenvolverem é grande. O pâncreas do Lucas já está trabalhando muito além do normal para segurar a glicose numa dosagem segura no organismo. A endocrinologista dele me disse que isso pode levar o órgão à estafa e antes dos 20 anos pode parar de fabricar a insulina. Tem que cuidar, tem que emagrecer, não tem mágica. 
Controlar a alimentação do Matheus é essencial para que ele não passe pelos mesmos problemas de saúde.
E para controlar tudo, temos que melhorar ainda mais nosso cardápio. Coisa que o papai não gosta muito, porque na cabeça dele, já não comemos tão mal assim. Ora! Se comêssemos bem, nossos filhos não teriam os problemas que tem... 
Aí cria-se aquele clima, toda vez que pego meu pão integral e meu leite desnatado no mercado. Parece que tudo o que eu faço pensando em cuidar da minha família e melhorar nossa "qualidade de vida" (pelo menos à mesa) acaba virando uma afronta ao paladar inigualável de "gordices" que eles tem encalacrado neles. Meu marido oscila entre o bom senso e a gula, e ele, por vezes, acaba escolhendo a gula. Como se o prazer da gordura da picanha (eca!) acompanhada de litros de cerveja fossem muito mais valiosas que a saúde dele. Transformamos simples idas ao mercado em discussões infinitas, e jantares em guerras da Senhora Legumes contra o Sr. Gordura. Cansativo!
Isso é só um dos nossos problemas! Matheus está cada vez mais genioso, me deu um baile no shopping no final de semana. Eu ia para um chá de panela e fui comprar o presente, levei o Matheus comigo, e na hora de ir embora ele emburrou por algum motivo. Não havia ninguém que conseguisse convencê-lo a levantar do chão, então, lá fui eu arrastá-lo literalmente por metade do shopping, e carregá-lo da outra metade até o estacionamento. Com o agravante dele estar aos berros, pesar 30Kg e se debater como peixe fora d´água, lutando pela vida. O carão foi gigantesco, mas maior foi minha frustração em não conseguir fazê-lo me obedecer. O Matheus sempre teve um gênio forte, mas acredito que depois da síndrome nefrótica nós o mimamos mais ainda. Ele só faz o que quer literalmente. Já dei tapa na bunda, já botei de castigo, tirei brinquedo, e nada faz diferença. As vezes consigo controlar uma situação ou outra com esses "artifícios", mas as situações voltam a acontecer. O pai chega a brigar comigo na frente dele, dizendo que eu não posso gritar com menino. Eu já vi que isso o deixa muito mais malandro. Me sinto criando os dois sozinha. Eu não tenho qualquer ajuda, e eu acabo me afastando dele, mesmo sem querer. 
Se você é novinha, acabou de conhecer o amor da sua vida, ele é totalmente diferente de você, mas você não liga, acha lindo ele ser seu oposto e acha que ele à completa. Amiga foge. Conselho de amiga do peito: foge pra longe! Opostos se atraem mas não criam filhos, criam monstros confusos, que não sabem se colhem as flores com a mamãe ou se jogam GTA com o papai. 
Eu imagino como deve ser difícil na cabeça dos meus filhos ver meu marido e eu discordando de quase tudo.
As coisas não andam fáceis, ando muito estressada, não é certo tentar resolver tudo nos gritos, mas não estou sabendo lidar com as situações, e não é de hoje! Estou perdida! Se eu me encontrar eu posto aqui como consegui... 
E Matheus, mamãe só quer o seu bem viu, hoje e sempre. Parabéns pra você meu amorzinho!

O que eu tenho que aprender...


Ando precisando exercitar minha paciência. Entender que cada um tem seu tempo e tentar digerir um pouco melhor isso. Tenho achado que o Matheus veio para me ensinar a tolerar melhor e me capacitar a encontrar outros meios de modificar as situações. A teimosia dele me tira do sério. Provavelmente numa outra vida ele foi militante na ditadura, ele é do tipo que aguenta qualquer tortura firme e forte em sua opinião. Faz as coisas do jeito dele. E eu que sempre fui daquela filosofia de que criança não tem que querer nada. Eles têm que se encaixar na nossa rotina e obedecer aos nossos chamados. Porém, as coisas não têm sido assim, ruim pra mim, ruim pra ele, ficamos em pé de guerra, eu fingindo que mando e ele fingindo que não se abala. Esses dias chegamos em casa, e ao descer do carro, vi que ele estava sem tênis. Disse que ele não desceria enquanto não colocasse o bendito nos pés, foram trinta minutos de choros estridentes e nervos a flor da pele. Eu dizia em tom calmo e forte: - Coloque seu tênis que entraremos em casa sem maiores problemas! – A única resposta que eu obtive o tempo todo foi: -Não! – E choros, e gritos, e “me deixa sair daqui”, uma tortura. Não gosto de voltar atrás, acho errado, deixa a criança malandra. Segurei até onde deu, deixei ele sair, dei várias broncas, ele chorou mais uns litros e o tal tênis não entrou no pé dele. Coisas assim vêm acontecendo constantemente e está me estressando de uma forma terrível.
A saúde do Matheus está boa, Graças a Deus, o rim está funcionando normalmente, mas ele ainda está em tratamento e não pode pegar resfriados, o cuidado tem que ser maior. Mas ele não aceita, e eu estou sempre entre a cruz e a espada. O pai que era pra me ajudar, dizer pro Matheus que ele tem que obedecer, só entra no meio pra dizer que eu estou descontrolada, louca, e passar a mão na cabeça dele. 
Aí em 1 minuto ele consegue colocar a blusa que demorei um século pra tentar enfiar na criança enquanto se debatia contra mim, ou pra dar aquele remédio que comigo não queria tomar, ou colocar o tênis... Sinto que piora, porque quando ele está por perto o Matheus aumenta a manha, fica chamando pelo pai, procurando o protetor. Tem coisa que tenho jogado na mão dele mesmo, mas quem dá banho, quem troca, quem arruma, sempre sou eu... e essas tarefinhas básicas tem consumido cada gota da minha paciência, por serem tão banais e tão difíceis de se fazer, já que o Matheus tem que ser “convencido” a fazer as coisas. 
Sinto que eu estou fazendo tudo errado! Me sinto mal em não conseguir concluir coisas tão simples sem brigas, gritos e castigos. Filho, por que não pode simplesmente colocar a blusa? Por que me desafia tanto? Você é tão pequeno, precisa de limites e de cuidados, não posso e não vou fazer o que você quer ao seu bel prazer, você tem que entender. E eu tenho que aprender a te entender também...
Sobra até pro Lucas, coitado, fico irritada, e qualquer perguntinha boba eu acabo respondendo rispidamente. Desculpa filho, eu não tenho sido tão legal com você. Nem comigo eu tenho sido! Juro que vou tentar melhorar. É que pra encontrar um caminho de lidar melhor com a situação eu terei de modificar certas coisas que me acompanham e fazem parte da minha personalidade. É difícil mudar! Mas eu amo vocês, e por vocês prometo tentar! Sinto muito por não ter sido até hoje o melhor que posso ser... me sinto esgotada... Educar é muito difícil, ainda mais junto com outra pessoa que pensa diferente de você. Também sinto falta de alguém pra me apoiar. Mas isso não é desculpa, vou achar um jeito de viver mais em paz!
Amo vocês!

A internação do Matheus


As conversas de mãe se repetem, são sempre as mesmas. Trocamos informações sobre coisas bacanas como: cocô, xixi, vômitos e gracinhas. Mas a verdadeira intenção dessa “troca” é a experiência que cada uma tem, que é única. Aprendemos a observar nossas crias em suas rotinas, suas manhas, suas vontades... sabemos o que é normal pra eles e cada coisa estranha que foge do nosso conhecimento é motivo de um certo pânico.
Muito se fala sobre a culpa, mas nada mais é a culpa do que a consequência do medo. O medo que nos aflige, em geral, é de perder o controle. De se ver impotente em relação a alguma anormalidade que possa acontecer com nossos filhos. Temos medo porque filhos não são como bolsas e sapatos, que se ficarem bem guardados, teremos pra vida inteira. Filhos não são “nossos”, a nós cabe parir, cuidar, criar, educar e amar, mas “nossos”, como “posse”: não!
Em novembro do ano passado tive um susto enorme com o Matheus.  Ele começou a apresentar um inchaço grande inicialmente nos olhinhos. Parecia uma reação alérgica, levei no pronto socorro e a médica deu um antialérgico e mandou ele de volta pra casa. No dia seguinte além dos olhos continuarem inchados a barriga dele também ficou inchada. Segunda feira, dia 12, eu me assustei ao dar banho nele a noite. Meu pequeno que sempre foi fininho estava com uma barriga enorme, eu queria levar ele pro hospital e meu marido ficou insistindo que não precisava e que não era nada, no outro dia até discutimos, mas no final das contas o levei de volta pro pronto socorro. Desta vez demos sorte de pegar um médico melhor e mais atento, pediu exames e disse que aquilo não era quadro alérgico. Enquanto esperava o Matheus fazer xixi para o exame vi o médico conversando com outra médica, estavam falando sobre o Matheus, pediram para medir a pressão. A enfermeira mediu 3 vezes e achou que estava errado, chamou a médica que mediu novamente, constatada a pressão a médica vira pra mim e diz: -Mãe, a pressão dele está 15 por 10, e o que tudo indica é que ele está com uma inflamação no rim, ele terá que internar na UTI... – eu fiquei em estado de choque, perguntei já entre lágrimas: -UTI? Mas isso é muito grave? – Ela me explicou que a UTI era o melhor para ele naquele momento porque ele inspirava cuidados e acompanhamento. No final das contas não havia espaço na UTI e ele acabou indo para a enfermaria. O hospital estava lotado, nosso convênio nos dá direito a quarto, mas tivemos que passar duas noites na enfermaria. Entra e sai de crianças e familiares, todos com o mesmo desespero. Seja qual for a doença, uma criança internada é uma situação pesada, preocupante, e nos vemos tão fracos e impotentes diante de uma doença, que as mães acabam compartilhando da mesma dor.





Foram 3 dias até que descobrissem o que ele tinha mesmo: Sindrome Nefrótica. Ele perdia muita proteína na urina e como o corpo precisa da proteína para manter o líquidos nos vasos, sem ela ocorre um derrame de líquidos em todas as partes do corpo, causando o inchaço. E daí vem outras coisas como a pressão alta, colesterol alto, tudo decorrente da disfunção do rim. O que agravou o problema do Matheus foi um derrame pleural (junção de líquido no pulmão) que de tão elevada foi tratada como uma pneumonia. Os primeiros 6 dias foram recheados de notícias de piora e agravantes, não tinha uma evolução, nada. O mais interessante é que ele não pedia para ir embora, nem quando o pai vinha visitá-lo, ele parecia entender que não estava bem, e que precisava ficar lá, aceitava medicamentos como um mocinho, sem reclamar. Eu tentei tratar tudo com a maior “naturalidade” possível para não assustá-lo, ele precisava de mim naquele momento, e eu precisava manter a calma. Eu só pedia a Deus que ele ficasse bem. Já não me importava o tempo que teríamos que continuar no hospital, o que importava era a saúde do meu pequeno. Quando ele começou a apresentar melhoras no pulmão, deram uma medicação para desinchar, a albumina humana, caríssima por sinal, depois da tal medicação, ele começou a fazer xixi, e na manhã seguinte ele voltou a ser meu Matheus, o rostinho dele voltou ao normal, e começamos a vê-lo reagir bem a todo o tratamento. 

Matheus internou no dia 13 de novembro e saiu de lá 9 dias depois (22), com um tratamento longo e difícil pela frente, mas com a graça de ter a possibilidade da cura total em alguns meses. Nem todas as crianças tem a mesma graça. Certas coisas não deveriam acontecer com crianças...
O tratamento está sendo a base de corticóide, uma dosagem alta para bombardear mesmo o rim dele, foram 2 meses tomando 45mg por dia, e agora depois de refazer todos os exames ele começou a tomar dia sim, dia não, essa dosagem continuará caindo até parar de vez (não pode parar de uma vez com o corticóide). Nesses 2 meses o Matheus aumentou 6 kg, ganhou pelinhos no corpo e está com a bochecha gigante, já tinha ouvido falar muito desse remédio, mas não imaginava que ele agiria tão rápido assim. Ele mesmo se sente um pouco “desconfortável” com o peso a mais, está sem pique, e não gosta quando falam pra ele que ele está “gordinho”. O que é inevitável, porque as pessoas não tem o bom senso de não chamar uma criança de “gordinho”, chega a me irritar quando percebo o incomodo que causa nele.

De qualquer maneira o importante é que meu pequeno fique bem, se esse remédio é o único caminho a gente lida com o peso e com os pelos, assim que o remédio parar ele vai voltando ao normal, isso é de menos, a saúde dele vêm em primeiro lugar.
Tudo isso me fez pensar demais nas crianças doentes e suas mães, imagino como devem se sentir diante de um diagnóstico grave, porque eu vivi a sensação da impotência. Os médicos te mostram o problema, te mostram o tratamento, e não há certeza de nada. Se pudéssemos trocaríamos de lugar com eles, daríamos nossa vida pela vida deles, mas o que se pode fazer é cuidar e rezar. E é por essas mães que hoje eu rezo, pra que tenham forças, sejam firmes, tudo tem o seu propósito, e nossas crianças precisam de nós para acreditar que tudo ficará bem, mantenham a fé.
Meu pequeno está cada vez melhor eu só posso agradecer. Ter meus filhos bem, brincando ao meu lado é maior benção que posso ter. Obrigada meu Deus pelos meus dois filhos. 

PS:Amanhã eles começam a frequentar a escolas novas, e depois eu faço eu faço outro post pra falar disso.