A casa dos loucos...


Eu achava que ter um filho mudaria minha vida, mas não achava que ter o segundo mudaria tanto assim.
Lembro quando éramos crianças e minha mãe vivia louca porque eu minha irmã vivíamos nos “pegando”, literalmente.
Hoje que estou do lado de cá, sinto o gostinho da loucura maternal mastigando meus neurônios, fervendo minhas veias, atingindo minha garganta e me fazendo “gritar”.
Sim, eu grito com meus filhos: - Lucas, pára de cutucar o Matheus. –Matheus, para de bater no seu irmão. – Lucas, vai fazer sua lição. – Matheus, devolve a lição do irmão. –Lucas, deixa o Matheus brincar com seus brinquedos. –Matheus, não quebra o brinquedo do seu irmão.
Ahhhhhhhhhhhhhhrrrrrrrrrrrrrr...
Sim, tem suas compensações, mas não venha me falar delas num dia de semana, na hora da janta quando estamos todos a flor da pele... Preciso me acalmar, mas as vezes fico tão cansada, com tudo, que nem curto as crianças da maneira que poderia. Muito ruim isso. Aí qualquer coisa que eles fazem é o pingo no copo cheio... explodo, e eles me olham com aquela cara de: -Aiiiiiiii....
Sei que estou errada, manuais de paciência nos dizem como educar... Eu me pergunto: -Será que a Super Nany tem filhos? – Sabe, é muito fácil dar conselhos e dizer como as mães devem agir, mas só quem é mãe sabe que não á fácil “acertar” sempre. É nossa obrigação educar nossas crianças, eles serão reflexos de tudo que ensinarmos para eles... A tese da maternidade é linda, mas essa pressão da prática é de enlouquecer.

a dois passos da loucura...


Estávamos no alto de um prédio, só o Matheus e eu, ele começou a subir em uma armação de ferro, parecia perigoso, mas não achei que fosse acontecer nada. Ele continuou a subir e já no alto meu coração de mãe começou a ficar apertado, eu queria pedir pra ele ter cuidado, mas fiquei com medo de assustá-lo. De repente, o inevitável, ele se desequilibrou e seu corpinho curvou para trás, meu desespero foi tanto que joguei meu corpo para tentar segurá-lo, ele passou pelas minhas mãos e antes mesmo que eu pudesse gritar ... acordei... ofegante, agradecendo a Deus por ter sido somente um sonho. Pelo sim, pelo não, Matheus está proibido de subir em lugares altos e brinquedos perigosos.
Eu não devo ser muito normal, com o Lucas era a mesma coisa, já tive pesadelos terríveis com ele caindo de lugares altíssimos ou correndo no meio da rua com carros passando. Uma sensação de impotência, de não poder segurá-los, credo... Depois de uma dessa é melhor sair da cama!

Bjo.














Como irmãos acabam sendo tão diferentes... O Lucas (mais velho) sempre foi meio secão com a gente, é mais o estilo: -Me beije, me abrace, enquanto eu fico aqui parado sem reação.
Já o Matheus (figurinha) é galã da novela das oito, beijoqueiro de plantão, não vacila com a boca perto dele que ele vem e tasca logo um beijão. Sem vergonha aos extremos.

 Uma vez, chamei a atenção dele, pedi pra ele sair da escada, ele fingiu que não me ouviu e eu falei mais alto, essa criatura que nem 2 anos tinha ainda, volta, senta do meio da escada, me olha nos olhos e diz: - Mamãe, beijuuuu... – com direito a biquinho. Me quebrou no meio.
Nunca vi, tão novo e com tanto jogo de cintura, sabe reverter qualquer situação... tem gente que nasce sabendo mesmo! (rs)

Cansada...



Tenho andado muito cansada. Acho que essa é a reclamação MOR de todas as mães. Mas nós cansamos mesmo. Pena que nem todos os pais tem essa noção. Eu não posso ficar nem doente, tenho que fazer tudo sempre. Eu que nunca fui das mais rápidas estou quase parando literalmente. Eu trago meu filho pequeno pro meu trabalho, faço isso desde os 15 dias de vida dele. Tenho que admitir que muitas vezes isso me consome, ele precisa de atenção, precisa comer, mexe nas coisas, sobe em tudo quanto é canto, eu não consigo terminar nada que começo, esqueço tudo, depois tento fazer correndo... Preciso de férias de uns 3 meses no mínimo. Nós viajamos no ultimo feriado, fomos para um hotel gostoso, o mais velho adorou, ficou o tempo todo com os recreadores, o menorzinho gastou bastante energia, brincou, correu, entrou na piscina, foi a maior festa, mas eu não consegui descansar muito não. Foi só voltar que o cansaço voltou junto. Aí a gente volta pra rotina casa – trabalho – mercado – casa, e a casa que sempre está uma zona, eu não consigo arrumar, o trabalho fica sempre pela metade, eu não consigo terminar, e assim por diante. Só me resta a noite quando todos dormem, mas passa num piscar de olhos, e quando eu quero dormir mais um pouco, advinha quem me acorda?!

Matheus no mundo do Be-a-bá


-Mamããããe, Chu...
- Quer suco nenê?
- É
-Mamããããe, Fafá?
- A girafa?! Cadê a girafa?
- Dê?
- Sumiu?
-Miu...
- Mamãããe... me...?
- Ta com medo do que amor?
- Mão... bichu
- O irmão ta imitando o bicho e você ta com medo?
- É.

Diálogos com Matheus (rs), entende tudo, troca a maior idéia com a gente, do jeitinho dele, é claro. Todas as palavras ficam monossílabas, e só quem convive muito pra entender.
Eu me divirto. Ele demorou pra começar a falar, tem criança que começa cedo, ele só começou agora com 2 anos, meu mais velho foi a mesma coisa. É mais fácil apontar, gritar, chorar...
Agora chega de domingo, ele acorda mais cedo e fica gritando compulsivamente: - Mamããããe. – até eu acordar. – Cê – Que é pra gente descer pra assistir TV. – Cheché. – Que é pra eu colocar o Shrek, e assim por diante. Que saudade de acordar tarde, toda criança deveria vir com o botão Off... E eu que esperei ansiosamente pra ele aprender a falar mamãe (falou papai primeiro), hoje torço pra ele dormir mais um pouquinho antes de me chamar! 
Eu falo assim, mas ele é meu docinho, piro no: -Mamãããe – dele, é muito louco!
O Lucas, com uns 3 aninhos acordava e nem me chamava mais, levantava, ia até a cozinha, pegava um toddynho na geladeira e ia assistir TV, eu ficava boba com toda aquela independência.
Bem, eu sou uma mãe boba, acho tudo que eles fazem lindo...